quarta-feira, 15 de julho de 2009

As velas

Há uma pequena igreja naquele vilarejo. Suas paredes são azuis, manchadas de tempo. As portas estão sempre abertas, convidativas, embora eu não veja muitas pessoas lá dentro. Chama-me a atenção uma pequena porta lateral, de onde sai uma luz.

É um velário, pequeno quarto de pedidos! Já não se faz mais desses na cidade grande. Lá dentro, não há nada. Apenas velas acesas, muitas velas. E elas dançam ao som do vento, fazendo sombra nas paredes queimadas. Há tempos houvera ali um incêndio. E até hoje suas escuras paredes carregam marcas.

Tenho vontade de ajoelhar, mesmo não partilhando daquela crença. Aquele não era lugar de crenças, mas de silêncio. Noto que algumas pessoas rezam ao meu lado. Algumas pronunciam palavras em sussurro, outras fecham os olhos procurando algo que não se vê.

Eu apenas observo, em respeito, enfeitiçada pelo calor do fogo. Imagino qual seria a história de cada uma daquelas velas, tão vivas. Quais seriam os pedidos, os desejos, os rostos daqueles que passaram por ali, esperançosos?

Só então percebo que eu também estou rezando. E algumas lágrimas correm livres, sem razão. Peço por todas aquelas velas e suas histórias, seus donos e seus pedidos.

Porque todo desejo sincero é sagrado!

Somos tão humanos.

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